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Prefeitura de Itu dá início ao restauro do Cruzeiro Franciscano

Monumento de valor ímpar localizado no Centro Histórico de Itu será mais um atrativo turístico da cidade que tem seu valor histórico e cultural recuperado

Teve início nesta segunda-feira (11/01), o restauro de mais um bem cultural ituano, o Cruzeiro Franciscano, localizado na Praça Dom Pedro I, no Centro Histórico da cidade.

Único elemento que restou do conjunto arquitetônico franciscano do final do século XVIII, o Cruzeiro foi construído por Joaquim Pinto de Oliveira, o Mestre Tebas, autor também de diversas obras relevantes da capital paulista como os ornamentos de pedra da fachada das principais igrejas paulistanas da época, como a da Ordem Terceira do Carmo (1775-1776), a do Mosteiro de São Bento (1766 e 1798), a da velha Catedral da Sé (1778), a da Ordem Terceira do Seráfico São Francisco (1783).

A realização do restauro será feita por meio de verba conquistada junto ao FID (Fundo Estadual de Defesa dos Interesses Difusos) e será realizada por equipes especializas nas diversas fases de sua recuperação. “Esta foi a primeira vez que o FID destinou recursos para uma obra de restauro. Nos sentimos muito orgulhosos dessa conquista alcançada por meio do trabalho árduo de toda nossa equipe que não mediu esforços para atender todos os requisitos e demonstrar a importância histórica do Cruzeiro, não somente para Itu, mas para a história do país”, comentou Maitê Velho, secretária municipal de Cultura e do Patrimônio Histórico.

Por meio de estudos realizados desde 2018, detectou-se que o Cruzeiro foi erguido em arenito e varvito, fazendo dele um objeto único no mundo devido ao material empregado em sua construção. Destaque especial para o varvito, rocha sedimentar, muito utilizada na fundação de casas e calçadas ituanas devido sua abundância, proximidade e facilidade de extração.

Neste primeiro momento do restauro já estão sendo realizadas pesquisas arqueológicas em seu entorno já que, por meio de escaneamento por radar realizado anteriormente, foram encontrados sinais de objetos logo abaixo do solo, podendo ser partes remanescentes do Cruzeiro, vestígios de tribos indígenas ou ainda remanescentes da Itu antiga. A secretária municipal de Cultura e do Patrimônio Histórico Maitê Velho, o diretor de Patrimônio Emerson Castilho e o proprietário da empresa Zanettini Arqueologia Paulo Zanettini estiveram acompanhando o início da obra.

Durante o processo, os acadêmicos e especialistas que estarão trabalhando no restauro, realizarão estudos e rodas de bate papo para turistas e moradores da cidade explicando tudo o que está sendo realizado no local e trazendo a população para perto do patrimônio e o sentimento de pertencimento ao espaço.

Mestre Tebas
De talento ímpar Tebas era escravo e conquistou sua alforria por volta de 1775, desde então teve em mãos a decisão de quais trabalhos queria executar e mostrar todo seu talento e, o mais importante, sendo remunerado como Oficial de Cantaria de Pedra e Pedreiro.

Por muito tempo havia registro da passagem de Tebas apenas pela capital paulista, mas estudiosos acreditavam que, devido ao seu talento e magnitude de suas obras, Tebas teria estado em outras localidades. Foi então que, o historiador do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) Carlos Gutierrez Cerqueira, durante estudo dos Livros de Receita e Despesa do Convento Franciscano de São Luiz, da Vila de Nossa Senhora da Candelária de Itu, encontrou o registro da contratação de Tebas para a construção do Cruzeiro, comprovando sua passagem pela cidade.

Patrimônio preservado
Em dezembro de 2019 a Prefeitura de Itu entregou para a população o restauro do prédio do Mercado Municipal. O local que estava todo deteriorado, com goteiras, fiação elétrica e encanamentos em estado precário, bancas abandonadas, agora está todo restaurado e conta com ambiente climatizado, piso refeito, instalações modernas e um novo conceito de comércio que tem atraído ituanos e turistas.